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Elétrico sim, mas sustentável


 

O desenvolvimento futuro do mercado dos veículos elétricos vai depender de três grandes fatores: as infraestruturas de carregamento, o preço dos carros e as condições regulamentares. As redes de carregamento resultam de uma responsabilidade partilhada entre atores públicos e privados. O atual governo português, como outros na Europa, apostou no desenvolvimento de “corredores rápidos” de carregamento, através de uma política de subsídios, mas ainda não atingimos uma centena de carregadores rápidos em todo o país e mesmo esses estão limitados a 50 kW. Ao mesmo tempo, o Grupo Volkswagen, em conjunto com a BMW, a Daimler e a Ford, constituiu a rede europeia de carregadores super-rápidos (até 350 kW) chamada IONITY, que deverá dispersar 400 postos de carregamento de Berlim até Lisboa. Uma verdadeira auto estrada elétrica. Também as redes de carregamento de proximidade (escritórios, concessionários automóveis, fábricas), com potências de 22 kW, vão ter um rápido desenvolvimento e a Volkswagen já anunciou investir 250 M€ na criação de 36.000 postos semi rápidos até 2025. O segundo fator é o preço dos carros elétricos, e este depende essencialmente do preço das baterias, já que a indústria tem há muitos anos capacidade instalada e “know-how” para produzir automóveis com custos baixos, havendo escala. Nos próximos anos, é previsível que a tecnologia das baterias represente perto de 50% da geração de valor na indústria automóvel. Por esta razão, a Europa tem que assegurar a sua autonomia tecnológica e reduzir a sua dependência, nomeadamente dos produtores asiáticos. A tecnologia dominante hoje – os iões de lítio – deverá continuar a impor-se nos próximos 5 anos, mas outras soluções como o “fuel-cell” e sobretudo as baterias de estado sólido, mais baratas de produzir, poderão prevalecer após 2025. O hidrogénio é apresentado como o “Graal” da mobilidade elétrica, mas ele tem um equilíbrio pobre, porque a sua produção consome muita energia, o que é um paradoxo. O Grupo Volkswagen está a investir 900 M€ no desenvolvimento de “know-how” e produção de células de bateria numa gigafactory de 16 GWh, a maior da Europa, em parceria com a empresa sueca Northvolt. Simultaneamente, uma joint-venture com a Quantum Scape trabalha no apuramento da tecnologia de “estado sólido”. Por fim, os regulamentos e o contexto criado pelo poder político são muito relevantes no desenvolvimento do mercado da mobilidade elétrica. A discriminação positiva que se materializa em benefícios de conveniência (estacionamento gratuito, utilização dos corredores bus, etc) ou em incentivos financeiros (isenções ou deduções fiscais, apoios ao abate) funciona como catalisador da procura, e os poderes públicos têm aqui um papel insubstituível. Estes são os fatores que vão moldar a mobilidade elétrica nos próximos anos. Acredito, no entanto, que o fator mais estruturante em termos de futuro da indústria é o do impacto ambiental. A transição para a mobilidade elétrica faz-se a par da transição energética. Produzir um carro elétrico emite muito mais CO2 do que produzir um carro convencional, e isso deve-se essencialmente às baterias. Mas ao longo do seu ciclo de vida, um carro elétrico compensa largamente esse excesso, graças a menores emissões na sua utilização. O balanço é tanto mais neutro em CO2 quanto o mix de energia utilizada é “limpa”. Hoje em dia, para produzir 1 kWh de eletricidade na Alemanha geram-se 500 gr de dióxido de carbono (contra 255 gr em Portugal), uma quantidade elevada e que se deve ao peso do carvão na produção de energia daquele país. A Volkswagen criou uma business unit de fornecimento de energia, a ELLI, que oferece aos clientes das marcas do Grupo eletricidade proveniente de fontes renováveis com um portfólio de soluções – postos de carregamento, wall-boxes – e um sistema de gestão acoplado a um cartão. A Volkswagen vai vender energia aos seus clientes. Esta é a visão do Grupo Volkswagen: a de um ecossistema sustentável que permita vender milhões de automóveis elétricos ao maior número possível de clientes, a preços acessíveis e com uma oferta integrada de serviços.

PS: O Grupo prevê investir 30 mil M€ entre 2019 e 2023 em mobilidade elétrica e vender 1 milhão de carros elétricos por ano a partir de 2025, tornando-se líder mundial neste mercado.

Ricardo Tomaz Marketing Estratégico e Relações Externas SIVA

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