Baterias de lítio, células de combustível de hidrogénio, gás natural ou biodiesel. Parece não haver falta de alternativas para se retirar a gasolina e o gasóleo do mercado.
Mas outra tecnologia promete ser mais eficiente, barata e fácil de utilizar a longo prazo: trata-se da ‘nanoFlowcell’, que usa o princípio básico da célula de combustível, mas com água salgada...

Desde a crise petrolífera de 1973 que muitos construtores automóveis começaram a ir à procura de formas de libertar o automóvel da dependência do petróleo. Nos anos 90, parecia que a alternativa ia ser a célula de combustível, que é alimentada a hidrogénio. No entanto, este sistema tem dificuldades com o custo de produção e segurança de armazenamento. Por este motivo, foi ultrapassada pelo desenvolvimento de baterias de lítio, levando ao nascimento rápido de viaturas híbridas e elétricas. Mas também esta tecnologia tem os seus problemas práticos, como o tempo de recarga e a reciclagem de materiais tóxicos. Agora, outra alternativa promete resolver estas questões e combinar o melhor de dois mundos: a ‘nanoFlowcell’, uma célula de combustível que usa água como fonte de eletrólitos para a geração de energia. A nanoFlowcell é ao mesmo tempo o nome da tecnologia e da empresa que a produz, baseada na Suíça e dirigida pelo engenheiro Nunzio La Vecchia. A empresa explica que uma nanoFlowcell permite converter a energia eletroquímica acumulada numa solução líquida em eletricidade utilizável. De acordo com a marca suíça, esta tecnologia dá origem a uma célula de combustível mais compacta que a tecnologia de baterias atual, e que pode ser usada em escalas diferentes, conforme as necessidades de potência da aplicação, com um bom retorno dos custos de geração de energia e impacto ambiental reduzido. Também será segura de manipular, ao contrário de uma bateria elétrica ou de uma célula de combustível. A solução líquida chamada ‘bi-ion’ tem, teoricamente, uma capacidade de acumulação de energia tão grande como a da mais recente geração de baterias de lítio, com um valor anunciado de 600 Wh por cada litro. Geralmente, é descrita para leigos como água salgada, mas não é água do mar... É sim, efetivamente, água com uma variedade de sais, ionizada para poder acumular eletrólitos, pelo que tem menos impacto ambiental que os materiais usados na construção das baterias modernas. Toda esta tecnologia, em conjunto, pode gerar quantidades significativas de potência apenas com uma bateria de 48 volts. Ao contrário das baterias convencionais, a nanoFlowcell não é recarregada com energia. Em vez disso, o líquido é filtrado dos sais e eletrólitos durante a sua utilização, e o que sobra é vapor de água. O depósito será depois reabastecido com a mesma solução líquida de água e eletrólitos, pelo que vai poder usar a infraestrutura existente de estações de combustível. Ao fim de 10 mil quilómetros, estes filtros vão necessitar de ser mudados, o que significa trazer a manutenção constante de volta aos automóveis, ao contrário das baterias de lítio. A empresa nanoFlowcell espera usar a sua tecnologia como alternativa não só ao hidrogénio e às baterias de lítio, mas também para substituir rapidamente combustíveis alternativos como o gás natural comprimido ou o gás de petróleo liquefeito. Embora esteja a ser testada em aplicações automóveis, poderá ser usada na aviação, em transporte marítimo, caminhos-de-ferro e até para uso doméstico.
Carros nanoFlowcell já estão prontos Para promover esta tecnologia, a nanoFlowcell já criou a sua própria marca de automóveis, a Quant. Os protótipos já conseguiram percorrer 100 mil quilómetros, e a marca já anunciou uma encomenda de mais de 25 mil automóveis, num valor superior a três mil milhões de euros, que lhe vai permitir construir a sua fábrica para produção em massa. Vão ser vendidos dois modelos: um desportivo chamado Quant 48Volt (uma evolução dos protótipos Quant F e FE), por três milhões de euros; e o Quantino 48Volt, um compacto para uso citadino, que vai custar 65 mil euros.

O Quant tem mais de cinco metros de comprimento e espaço para quatro lugares, numa disposição 2+2. Esta necessidade de espaço é justificada pela presença de dois tanques de 250 litros, já que a bateria de 300 kWh fornece energia a quatro motores elétricos, um por cada roda, com uma potência combinada de 560 kW (760 cv). Vai ser capaz de atingir os 300 km/h e a nanoFlowcell estima que terá uma autonomia superior a 1000 km, sem qualquer emissão poluente.

O Quantino tem menos de quatro metros de comprimento, com uma configuração de quatro lugares e dois depósitos de 95 litros. A potência vem de uma bateria de 15 kWh, que fornece energia a um motor de 80 kW (109 cv), suficiente para andar na cidade com um consumo de 14 kWh por cada 100 km e com uma autonomia de mais de 1000 km. Mesmo assim, esta tecnologia necessita de baixar o preço com alguma emergência, pois não vemos muita gente interessada em comprar um citadino de 65 mil euros com um andamento perfeitamente normal.