A mudança de paradigma da mobilidade mecânica, com a adopção generalizada da motorização eléctrica, não representa apenas a possibilidade de suprimirmos a emissão dos componentes resultantes da combustão para a atmosfera, produzidos pelos clássicos motores a combustão actualmente utilizados na indústria automóvel. Aqui ficam alguns temas de reflexão, que nuns casos constituem vantagens já conhecidas e noutros representam ainda desafios que necessitam de estudo e experimentação...
Uma curva de binário exemplar
Ao contrário da clássica curva de binário dos motores de combustão interna, que crescem até um ponto de máximo, descendo a partir daí para níveis inferiores, nos motores eléctricos a curva de binário começa logo no valor máximo a partir do momento em que começam a funcionar, garantindo acelerações incríveis e um desempenho acima da média.
Novas capacidades dinâmicas
Quando usados correctamente, os motores eléctricos permitem não só uma propulsão rápida como também uma dinâmica especial nas curvas: como a transmissão se pode processar individualmente a cada uma das rodas, teoricamente pode-se sempre aproveitar a potência óptima dos motores em cada instante, pois essa variabilidade de tracção nas quatro rodas permite uma distribuição de potência personalizada através dos motores não só nas rodas como também por cada um dos eixos, obtendo-se assim um melhor comportamento dinâmico.
Desafios de curto e longo prazo
Os padrões de mobilidade exigidos pelos clientes são aqueles com os quais eles já estão familiarizados com os motores de combustão. O fornecimento de energia, a autonomia e a duração do carregamento para veículos movidos a electricidade são, portanto, factores-chave que devem ser aproveitados pelos fabricantes para incrementar o entusiasmo do cliente em relação aos veículos eléctricos por outros motivos que não o desempenho de direcção. Estes factores chave são extremamente importantes agora e sê-lo-ão ainda durante muito tempo.
Incrementar a velocidade de carga
No domínio da velocidade de carga, a Porsche desenvolveu recentemente uma estação de carregamento especial, de alto desempenho, destinada aos seus veículos eléctricos. A sua característica principal é a tecnologia de carregamento rápido com uma tensão de 950 V e um desempenho de carga de até 350 kW. Esta conjugação de tecnologias permite que os condutores “encham as baterias” em menos de 20 minutos.
Números incontornáveis
Sabe-se que a densidade de energia das baterias de iões de lítio da última geração recentemente desenvolvidas tornam possível alcançar até 0,20 kW.horas por quilograma (kWh/kg).Ora um litro de gasóleo oferece um valor de 10 kWh/kg, que é 50 vezes melhor. O facto da corrente eléctrica ser mais eficiente (por um factor de aproximadamente 3.0) não consegue compensar essa diferença. Assim, para se alcançarem altas taxas de utilização das baterias, os veículos eléctricos terão que melhorar o seu desempenho noutras dimensões, tornando-se muito mais inteligentes e proactivos do que os veículos atuais.
Explorar outros caminhos
Um motor eléctrico de automóvel pode usar as forças de desaceleração para recarregar a bateria, contribuindo para o aumento da autonomia. Mas a aplicação de novas tecnologias também poderá permitir optimizar as rotas de viagem, poupando distância e consumo de energia. No futuro, é igualmente provável que os condutores recarreguem as baterias dos seus automóveis sempre que necessário e sem interrupções.
Completar o paradigma
A utilização de automóveis eléctricos só será completamente eficaz se a sua carga for efectuada com energia produzida de forma sustentável. Essa é a tendência no Velho Continente: em 2016, 78,4% de todas as capacidades de geração de energia instaladas na Europa foram baseadas em energia eólica ou solar.
