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AO VOLANTE

MITSUBISHI OUTLANDER PHEV

Viagem a dois tempos

A recente renovação do Mitsubishi Outlander PHEV tornou-o mais eficiente, podendo percorrer mais quilómetros somente em modo elétrico, sem barulho e sem poluição. Também foi dada uma maior ênfase ao conforto, para reforçar a sua identidade como modelo para uso familiar, e para tirar ao condutor a ideia de andar nos limites.

Até há pouco tempo, a versão híbrida do Mitsubishi Outlander parecia mais uma versão complementar na gama do SUV japonês, onde o motor Diesel era o preferido do público. Agora, o Outlander PHEV (para “híbrido plug-in”) passa definitivamente a ser a ponta-de-lança, ganhando bastante em eficiência, deslocando-se com a mesma desenvoltura do motor Diesel, mas consumindo muito menos combustível e emitindo muito menos poluição numa utilização diária. Em termos práticos, é possível passar o dia inteiro a usar exclusivamente potência elétrica, se andar primariamente na cidade. E tudo por menos de 40 mil euros.
No Outlander renovado, a bateria cresceu em 15 por cento, ficando com uma capacidade de 13,8 kWh, enquanto o motor traseiro saltou dos 60 para os 70 kW de potência. Em termos práticos, é possível utilizar potência elétrica numa faixa mais alargada de utilizações, já que agora tem uma autonomia máxima anunciada de 60 km em trânsito citadino, e em autoestrada é possível atingir os 135 km/h sem que o motor a gasolina se ligue. Mesmo em condições normais de utilização, basta ter a bateria carregada até 80 por cento (o que demora 25 minutos numa tomada pública de abastecimento rápido) para fazer a sua vida normal, e se nunca sair da cidade e conseguir estacionar em postos públicos de recarregamento vão passar-se dias antes de precisar de usar a gasolina no depósito.
Por falar em gasolina, este motor cresceu de 2 para 2,4 litros de cilindrada, o que pode parecer contraproducente, mas na verdade foi modernizado e também contribui para manter os consumos baixos quando é necessário recorrer aos 135 cv de potência adicional. Usando o ciclo Atkinson a cinco tempos, o Outlander PHEV dispõe assim de uma queima mais eficiente, graças ao atraso propositado no fecho da válvula de admissão. Os cilindros também têm um curso maior que o diâmetro, funcionando melhor a baixa rotação, justamente na faixa mais usada na utilização diária. Entra em funcionamento quando o terreno tem mais inclinações, ou quando necessita de andar muito na estrada, mesmo com o limite máximo de funcionamento do motor elétrico. Mas o sistema está preparado para aproveitar ao máximo este último, pelo que, mesmo quando descarrega a bateria, esta aproveita qualquer carga acumulada em travagens para trabalhar com o motor elétrico sozinho durante mais um ou dois quilómetros.
A Mitsubishi fez algumas modificações à afinação da suspensão para tornar o Outlander mais confortável, mas esta afinação parece não estar adaptada às estradas portuguesas, com o movimento dos amortecedores a fazer-se notar dentro do habitáculo em qualquer desnível do asfalto, pelo que uma afinação mais dura poderia ser a ideal. Apesar disso, a suspensão traseira multibraços garante um bom nível de estabilidade em curva e em alta velocidade. Embora não seja um verdadeiro todo-o-terreno, tem uma altura ao solo suficiente para lidar com estradas de terra e o controlo de tração permite ao condutor selecionar novos modos para lidar com condições diferentes da estrada com mais facilidade e reduzindo o risco de perda de controlo.


Espaço sem sacrifícios
Embora a suspensão necessite de uns ajustes, o habitáculo do Outlander PHEV é bastante confortável e espaçoso. A bateria de maiores dimensões não interfere com o habitáculo, pelo que o renovado SUV japonês mantém a habitabilidade da versão Diesel nos bancos traseiros, onde não falta espaço para as pernas dos ocupantes, bem como uma entrada USB e saídas de climatização. No entanto, ao contrário das versões de base, o modelo híbrido não tem terceira fila de bancos, mas esta também não é necessária, sendo preferível contar com uma bagageira versátil e espaçosa.
O condutor tem à sua disposição muito informação, entre o painel de instrumentos e o ecrã tátil na consola central, bem como um volante multifunções repleto de botões e com patilhas para a caixa de velocidades (que não vai ter muita vontade de experimentar se usar o Outlander essencialmente como carro familiar). Por isso, com tantos botões, o condutor vai necessitar de algum tempo de habituação para aprender onde se encontra toda a informação que necessita. O ecrã tátil é mais intuitivo de utilizar que o volante multifunções, e é a partir dele que vai poder controlar a utilização contínua da sua bateria, incluindo o estado de carga e a utilização da recuperação de energia de travagem.
No dia-a-dia, o Mitsubishi Outlander PHEV já está equipado de série com uma boa coleção de dispositivos de ajuda à condução, incluindo câmara de estacionamento panorâmico e sensores nos para-choques, disponíveis na versão base Intense, que está à venda por menos de 40 mil euros. No entanto, a diferença para a versão Instyle, que inclui alerta de ângulo morto e aviso de mudança de faixa, câmara para tráfego traseiro e alerta de colisão frontal, é muito pequena, justificando plenamente a passagem pela barreira psicológica e o preço de 41 mil euros.

Paulo Manuel Costa (texto)
 

No renovado Outlander PHEV, a autonomia elétrica anunciada atinge agora os 60 km.

FICHA TÉCNICA

Motor    

4 cilindros, 2360 cc, 16 v., inj., híbrido
Potência    

135 cv/4500 rpm (total: 224 cv)
Tração    

Integral, caixa de variação contínua
Suspensão    

McPherson à frente, multibraços atrás
Consumo    

2,0 l/100 km (3,7 l/100 km) 
Emissões CO
2    

46 g/km
PREÇO    

39.348€

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