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FICHA TÉCNICA

Motor elétrico    

400 cv, bateria de iões de lítio,

90 kWh

Tração              

Integral permanente,

integrada nos eixos
Suspensão    

Triângulos duplos em ambos

os eixos
Autonomia    

470 km (NEDC)

Consumo

21,4 kWh/100 km (NEDC)
PREÇO

a partir de 80.823€

AO VOLANTE

JAGUAR I-PACE

A tradição já não é o que era...

O Jaguar i-Pace pretende desafiar a Tesla em confronto direto, com um automóvel elétrico de aparência desportiva, performances singulares e todos os acabamentos de luxo típicos da marca, mas vai ter algum trabalho para convencer os clientes tradicionalistas a aderirem a um Jaguar que não se parece com nada que a marca alguma vez fez...

As marcas de luxo britânicas sempre tiveram um problema: muitos dos seus carros parecem “velhos”. Não em termos de refinamento ou de tecnologia, mas em termos de identidade visual. E é preciso admitir que o apelo visual é sempre a primeira razão para uma pessoa escolher um automóvel. A Jaguar tem vindo a mudar isso nos últimos anos, com uma série de novos modelos com uma identidade visual que cortou com os cânones do passado e que aponta mais para o futuro. E nenhum desses modelos corta mais com o passado do que o i-Pace... Para automobilistas mais novos, não há nada mais moderno que um carro elétrico, e a Jaguar agora entrou nesse segmento sem meias medidas, com um modelo de aparência e prestações claramente desportivas.
O i-Pace está equipado com dois motores elétricos de dimensões compactas, cada um debitando 200 cv e cada um acoplado diretamente a cada eixo, garantindo tração permanente às quatro rodas. Esta configuração permite poupar espaço e peso (beneficiando também de um chassis de alumínio), mas mesmo assim o carro ainda pesa mais de 2200 kg, um dos Jaguar mais pesados de sempre, apesar de ter dimensões relativamente compactas. Felizmente, a vantagem de ter motores elétricos é que o binário aparece quase de forma instantânea, e o i-Pace consegue atingir altas velocidades com grande rapidez.
Por causa disso, o consumo energético é um pouco elevado, sendo muito difícil baixar dos 20 kWh por cada 100 quilómetros, e com tendência para subir para mais de 25 se optar por uma condução mais agressiva e com o pé constantemente no acelerador. Em utilização normal, é sempre preferível tirar o máximo partido da capacidade de regeneração de energia com a força de travagem, para poder melhorar a autonomia, e não esgotar os 90 kWh de carga da bateria tão depressa. É que, a menos que tenha um carregador de alta velocidade, vai precisar de muito tempo para repor a energia perdida... Num carregador de 100 kW, o i-Pace consegue recarregar 80 por cento em apenas 45 minutos, mas uma ‘wallbox’ montada em casa obriga-o a ficar quase 10 horas ligado à tomada.
Com as suas dimensões compactas e rodas montadas no extremo da carroçaria (um elemento de design que há 20 anos seria estranho num Jaguar), o i-Pace consegue ser suficientemente ágil a negociar curvas, só faltando mesmo um peso mais baixo. A suspensão pneumática ajustável opcional, em particular, é uma ajuda importante na estabilidade do carro, pois embora possa ser gerida diretamente pelo condutor, também se ativa automaticamente quando o carro atinge velocidades mais elevadas, baixando a altura da suspensão em um centímetro em andamento, quando atinge os 105 km/h.


Segunda casa...
Embora tenha sido reconhecida como uma marca de luxo tradicionalista durante os anos 80 e 90, nos anos 50 e 60 a Jaguar fazia carros desportivos, oferecendo experiências excitantes ao condutor, que tanto podiam conduzir confortavelmente para o trabalho na quinta-feira como para a pista para participar em competição no domingo. O i-Pace consegue ser um herdeiro desta filosofia, pois o condutor é certamente o ocupante que vai poder tirar maior partido deste automóvel.
A Jaguar preferiu manter o volante limpo de funções excessivas e conseguiu colocar a maior parte dos comandos no ecrã tátil de grandes dimensões, que ocupa grande parte da consola central através da largura. Após alguns minutos de habituação, este revela ser um dos mais fáceis de utilizar no mercado, podendo saltar rapidamente de uma função para outra em dois ou três toques, sem precisar de tirar os olhos da estrada. A climatização e os botões de controlo de elementos relacionados com a condução também são fáceis de aceder, na base da consola central. É também possível visualizar as imagens da câmara de estacionamento, sem a qual seria quase impossível completar esta manobra, dada a reduzida visibilidade traseira.
É quando começamos a pensar nos outros ocupantes que encontramos as principais vulnerabilidades do i-Pace... Com as rodas localizadas nos cantos e a bateria usada como base do chassis, o espaço para as pernas dos ocupantes dos bancos traseiros não desilude, mas o design da traseira, por causa da configuração da carroçaria em dois volumes, deixa a cabeça de qualquer pessoa, mesmo de estatura baixa, a bater constantemente no teto do habitáculo. Em compensação, este veículo elétrico tem uma bagageira de dimensões impressionantes, com 656 litros de capacidade.
Mesmo na versão de entrada, o Jaguar i-Pace já pode ser equipado, através de pacotes de personalização, com uma série de equipamentos de segurança que vão tornar a condução mais segura, especialmente em estrada aberta, como o ‘cruise control’ adaptativo com reconhecimento de sinais de trânsito, ou o monitor das condições de condução. Ao trabalhar em conjunto com elementos como travagem de emergência, está aqui a abertura para o caminho da autonomia, o que poderá ser facilmente integrado no i-Pace, concebido para receber atualizações de software através de ligação sem fios à internet. E poderá sim tornar o i-Pace um bom concorrente para os carros da Tesla, especialmente se a marca britânica for mais prática e evitar o excesso de “modos” que Elon Musk gosta de inventar...
O Jaguar i-Pace está disponível no mercado nacional em três versões, com os nomes S, SE e HSE “roubados” à irmã Land-
-Rover. O nível de equipamento mais baixo já vem com um nível aceitável de confortos para um automóvel com as suas dimensões, mas como estamos na presença de um carro elétrico o modelo de entrada já tem um preço demasiado elevado, começando acima da barreira psicológica dos 80 mil euros, o que não só o coloca demasiado caro para ser um rival direto do novo Tesla Model 3, como também o deixa de fora do limite de 62.500 euros agora estabelecido como máximo para poder beneficiar do apoio estatal na aquisição. Assim, quem puder comprar o carro elétrico britânico, será melhor mesmo optar pelas versões mais equipadas, com um preço mais aproximado dos 90 mil. 

Paulo Manuel Costa (texto)

Para automobilistas mais novos, não há nada mais moderno que um carro elétrico, e a Jaguar agora entrou nesse segmento sem meias medidas, com um modelo de aparência e prestações claramente desportivas.

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O i-Pace está equipado com dois motores elétricos de dimensões compactas, cada um debitando 200 cv e acoplado diretamente a cada eixo, garantindo tração permanente às quatro rodas.

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