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FICHA TÉCNICA

Motor 

Elétrico, bateria de iões de lítio,

50 kWh 
Potência    

100 kW (136 cv) / 3673-10.000 rpm
Binário máximo    

260 Nm / 300-3673 rpm
Autonomia    

340 km (WLTP)
0-100 km/h    

8,1 s
Vel. máxima    

150 km/h

Versões e preços

e-208 Active     32.150€
e-208 Allure      33.350€
e-208 GT Line  35.250€
e-208 GT          37.650€

AO VOLANTE

PEUGEOT e-208

O futuro é normal

“Blade Runner” passava-se em novembro de 2019. Se é verdade que ainda não temos carros a voar ao virar da esquina, há muita coisa que é feita com uma mentalidade que, apesar de honrar o passado, só olha em frente. E com a diversão no centro de todas as decisões. É esse o ADN do novo 208, criado a pensar na satisfação de todos os potenciais clientes. Poder ser elétrico é só mais um pequeno grande detalhe. E a última das suas decisões como futuro cliente.

O paradigma mudou?...

Gasolina, diesel ou elétrico? Esta é a última pergunta a que terá de responder quando estiver a configurar o novo 208 e aqui é que está o segredo. Habitualmente, quem quer um elétrico na sua vida, ao ver a mais recente aposta da Peugeot poderá ficar a pensar para si mesmo que adora o design sedutor do 208, mas como quer elétrico vai ter que virar umas páginas do catálogo e optar pelo modelo XPTO, que é a aposta elétrica da marca para este segmento.
Isto até pode ser um ponto positivo para alguns dos potenciais compradores, que querem andar a gritar ao mundo que se preocupam com o futuro do planeta e são suficientemente inteligentes para optar já pela tecnologia que vai dominar o mercado, mas a Peugeot, do alto dos seus 208 anos de história, optou por não oferecer essa bandeira a quem pretende andar a acenar com ela.
O e-208 é essencialmente idêntico aos térmicos que saírem com ele da fábrica, distinguível apenas em alguns pormenores exteriores e obviamente na propulsão, filosofia que não vai ficar por aqui, pois a marca francesa pretende alargá-la a todos os seus modelos. Como seria de esperar, não é para já que o elétrico irá dominar as escolhas dos consumidores, mas a Peugeot já fez saber que as primeiras encomendas da versão elétrica estão a superar as expectativas, o que parece demonstrar que a visão francesa está correta: tal como quem quer azeite biológico não espera que ele seja azul e venha numa embalagem quadrada, os amantes dos elétricos gostam do 208. Ou então, os amantes do 208 estão a ser aliciados pela proposta elétrica. O futuro o dirá.


Normal, sem ser banal
Seja qual for o motivo, esta decisão nunca será por acaso. O e-208 apresenta-se com 136 cavalos, a versão mais potente disponível para escolha, que inclui também três motores a gasolina e um diesel. No que toca ao elétrico, promete uma autonomia de cerca de 340 quilómetros, segundo o protocolo WLTP. Dizem que é suficiente para necessitar de apenas um carregamento semanal, se considerarmos as deslocações casa/trabalho do consumidor médio, o que faz sentido.
E se numa tomada doméstica tudo se complicaria, com 16 horas necessárias para o carregamento, o lado bom da força é que a Peugeot oferece uma Wall Box na sua campanha de lançamento, que permite uma carga completa em 7h30, em modo monofásico (7,4 kW). Já em modo trifásico (11 kW), a duração baixa para umas ainda mais simpáticas 5h15, mas a primeira deverá ser suficiente até para quem só vai passar a noite a casa. Além disso, o carregador de 100 kW vem de série no e-208, o que garante 80% da carga em 30 minutos num qualquer carregador rápido que consiga encontrar disponível. Tudo isto pode ser programável para uma carga diferida, tanto a partir do ecrã de navegação, como através de uma app, que também permite verificar, iniciar ou interromper a carga a qualquer momento, disponibilizando-se ainda para fazer outras coisas simpáticas, como possibilitar a planificação de viagens. Além dos melhores percursos, tem também em conta a autonomia restante e os pontos de recarga na estrada, enviando tudo posteriormente para o sistema de navegação.
Uma experiência que não desilude
No interior, mantém-se a modernidade que já deverá ter apaixonado à primeira vista os potenciais clientes do novo 208, possível de alcançar até mesmo apenas com pormenores, que vão das garras nas óticas à faixa negra que une as luzes traseiras.
De entre os cinco níveis de equipamento disponíveis, o GT é o de topo e é exclusivo para quem opta pelo elétrico, fazendo o seu preço chegar aos 37 mil euros, numa escala que se inicia cinco mil euros mais abaixo. Mas depois, claro que além das suas particularidades exclusivas, este GT inclui também outros pequenos luxos como o ecrã de 10 polegadas, que nos outros níveis de equipamento é apenas de 7 e se quiser o upgrade vai doer um pouco a aceitar o que pedem por ele, apesar de ser um custo extra habitual nos dias que correm. Seja qual for o tamanho, conte com o indispensável Apple CarPlay ou Android Auto para dar uma vida extra às suas deslocações. Também bem-vindas são as tomadas USB aos pares, à frente e atrás, um daqueles detalhes que fazem todo o sentido.
Se o conjunto de materiais não deixam a marca francesa nada mal vista, já a escolha de funcionamento dos comandos da consola balança entre o prático e o nem por isso, quando se trata dos atalhos disponíveis na metade superior da unidade central, meio escondida por cima de uma espécie de teclas.
E a partir do momento em que se encontra a posição que oferece um melhor compromisso entre condução, conforto e visibilidade do cockpit, estamos prontos para partir. Isto porque o i-Cockpit é muito lindo, tal como é interessante o design do volante, que parece ter sido resgatado a meio caminho de um design para uma versão de corridas, mas continua a ser um pouco complicado ver bem o que está no painel sem descer um pouco o tal volante, que felizmente nem é redondo. Uns minutos depois tudo se entranha e até é possível que se afeiçoe ao volante e esqueça que, de vez em quando, tem de espreitar por cima dele.
Como as baterias estão alojadas sob o piso, não existem cedências de espaço para quem optar pelo elétrico, seja no banco traseiro, com o espaço adequado e expectável para um veículo deste segmento, ou na bagageira, também perfeitamente normal: não será pela mala aberta que alguém deteta que vai arrancar dali em modo silencioso.


Pelos caminhos de Portugal
Com a apresentação internacional a ter lugar no nosso país, a deslocação de Lisboa até à zona da Comporta foi feita nas versões térmicas, com o elétrico a ficar reservado para um ensaio mais curto e em estradas alentejanas menos simpáticas. Não porque existisse qualquer receio em relação à autonomia, mas porque se tratava de uma versão a que ainda faltavam pequenas correções finais, ficando ali num raio mais próximo que evitaria potenciais problemas, que não se revelaram durante o teste.
E se nos térmicos a condução é tudo o que seria de esperar de um 208, que atualmente só não dispõe de um dos sistemas de ajuda do 508 e se comporta de forma irrepreensível, a principal diferença em relação ao elétrico será na suspensão, algo irregular nas tais menos perfeitas estradas alentejanas, mas nada que incomode ou complique a vida, especialmente no dia-a-dia citadino, em que será difícil desfrutar do silêncio do motor.
As travagens, que permitem a recuperação de energia, são naturais, programadas para se notarem mais no modo de condução B, onde a diminuição de velocidade é mais assinalável ao levantar o pé do acelerador e a experiência global deu vontade de repetir, fosse pela esperada resposta imediata de toda a sua potência ou simplesmente pelo prazer de condução, que sem rádio ligado torna toda a experiência mais interessante e faz pensar porque é que ainda não optámos por um elétrico... A resposta só pode estar fora do veículo, porque no e-208 não existe qualquer motivo para um jovem ou uma pequena família não optar por um. Segundo a marca, este segmento não tem um cliente-tipo, ao que podemos acrescentar que neste caso isso acontecerá mesmo porque qualquer um pode ser um potencial cliente.
E se o preço inicial pode ser um entrave em relação às versões térmicas, a Peugeot faz questão de realçar que a utilização de um elétrico tende a ser mais económica que a de um térmico, seja pela manutenção mais barata, ao passar ao lado das peças de desgaste, a que se acrescenta o custo reduzido por quilómetro, além dos potenciais benefícios fiscais.
Em relação à bateria, a instalada no e-208 apresenta uma garantia de 8 anos ou 160 mil quilómetros e durante esse período será trocada se a sua capacidade de carga descer abaixo dos 70%. Além disso, pode ser pedido um certificado de capacidade da bateria, para facilitar a revenda de uma forma mais segura para o comprador de um usado, que mantém a própria garantia caso ela ainda esteja ativa.
O grande objetivo é democratizar o elétrico, algo que o e-208 está a tentar iniciar, numa estratégia com pés e cabeça. O futuro começa a ser entregue em janeiro e o e-2008 vem aí já a seguir... 


Hugo Vinagre   (texto)

O e-208 promete uma autonomia de cerca de 340 km, já segundo o protocolo WLTP.

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De entre os cinco níveis de equipamento disponíveis, o GT 
é o de topo e é exclusivo para quem opta pelo elétrico.

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